segunda-feira, 6 de abril de 2009

O homem da casa


Ele chega de mancinho. Tá, talvez não tão de mancinho assim. Mas chega discreto, faceiro, com um sorriso meio Monaliza no rosto. Logo se deixa estar a vontade. Sua samba-canção, já é o uniforme típico dos finais de semana ociosos e deliciosamente aconchegantes.
Quando me vê sente uma coisa estranha no estômago – Não são borboletas, não. É fome mesmo, minha gente. O meu homem da casa sente prazer em saciar a fome com as minhas guloseimas. Sim, deve ser isso, pois não vejo outra explicação pra tanta fome na minha presença. “Mor, tô com fome”, escuto tanto essa frase aos finais de semana – principalmente aos domingos. Quando indagado sobre do que é a fome dele, escuto sempre que é de alguma coisa, qualquer coisa, gostosa que eu faça. Logo, não resisto e com o maior amor do mundo preparo algo na cozinha. Acontece que esses dias não estava muito inspirada, tudo que me restou foi fazer um lanchinho meia-boca que logo foi vaiado. Ele sabe que não resisto a um pedido, seja qual for. Me ganhar num olhar é tarefa fácil. Por isso prometi me superar no próximo sanduíche que eu fizesse. (Acho que consegui isso no domingo, né? hehe)
Esses homens são espertos demais. Tanto que o lá de casa até lavou louça, após umas consideráveis férias, só por causa de uma reclamação-zinha minha. Aliás, sei lá por que da tal queixa, mas às vezes a gente reclama só por reclamar, não é mesmo? Por sinal, especialidade dele (rs).
Minha mãe também ajuda, mima demais. Depois fica aquela coisa quase insuportável. Não fosse a paixão que nós lá de casa temos por ele, já teríamos cansado faz tempo. Ah, mas a gente não cansa, não. Até na hora de fazer compras é do Príncipe que a gente lembra. Tem que ser tudo do gosto dele. E se nós esquecemos de comprar a lâmpada da cozinha (queimada a séculos) já pensamos: “Ai, tomara que o Deivid não repare”. É porque a gente sabe que ele com aquele perfeccionismo todo e com a mania de reclamação, vai chiar. Também esperamos que ele entenda que a casa das suas duas mulheres tem a alma feminina. Apesar de independentes, eu e Mammys não somos muito chegadas a serviços elétricos ou whatever.
Até porque, quando eu me esforço pra deixar meu quarto ok, é ele quem faz bagunça, mas jura que não foi. Nas minhas bagunças eu me acho, mas duas bagunças em um mesmo lugar não cabem. O mais engraçado é quando ele reclama que não encontra as meias que ele gosta na MINHA gaveta. Detalhe que as meias são minhas juntamente com todo resto. Tem também aquela típica reclamação de que eu não assisto a filmes com ele, porque eu durmo ou desisto no meio. Não é pela companhia, talvez seja pelo filme, mas é incontrolável. Tem coisa melhor do que tirar um cochilo no meio da tarde assistindo a um filminho? Ele esperneia, mas fazer o que? Quando eu vejo, já foi. E tudo bem, porque ele pode tudo. Depois eu faço sanduíche de pão sírio e compro sorvete de flocos. Hum, que delícia.
Eu adoro essa coisa de que ninguém é perfeito, porque perceber os defeitos nos outros é magnífico. Quando você percebe que a outra pessoa é cheia de detalhes defeituosos e mesmo assim você a ama, o caminho está apontando para o amor verdadeiro.
Eu amo os defeitos do meu homem, amo mais ainda quando ele tenta supera-los. Não por mim, mas por ele mesmo. Eu amo amá-lo da forma mais imperfeita que existe. Da forma que ele é e do único jeito que eu sei. As minhas gavetas, talvez, continuem desarrumadas por um tempo. Sei que ele vai continuar reclamando ao tentar abri-las. Mas eu sou assim, docemente desorganizada, mas certa de que as reclamações dele são só um indício de que está tudo bem e de que – sim- ele está ali comigo.

Um comentário:

Unknown disse...

Meu amor amei esse texto,mas acho que vc contou muito do nosso cotidiano...kkkk

reclamo memo...mas te amo tanto ,infinitamente mais a cada dia