sábado, 12 de julho de 2008

Da janela


Outro dia que a chuva vem escorrer no vidro da minha janela. Eu nao sei porque, mas talvez seja pra me lembrar que sempre vai ter algo pra limpar todas as sujeiras. Dizem que as janelas, sao os olhos da gente. As janelas da nossa alma. Acredito.
Penso. Amanha, de alma limpa, vou limpar meu quarto, arrumar minhas gavetas, e quem sabe passar roupa. Amanha, ou depois.
As vezes me esqueco, esqueco do agora. Me perco em palavras, confundo sentimentos, inverto e invento estorias. Aqui o tempo faz a curva, aqui o sol nao espera o amanhecer para nascer. Aqui, o tempo as vezes para. Ou quase.
A chuva, que ja’ parou, deixou a janela mais suja. Talvez nao tenha chovido o suficiente. Mais ainda e’ verao. Ainda ha chuvas por vir. Essas aguas ainda lavarao a janela, a rua, a esquina, meu carro, meu corpo inteiro.
Se por um segundo, voce sente que ja viveu tudo isso, no proximo segundo, descobre que foi um engano. Estar longe as vezes e’ estar perto. E as vezes, como sabemos, nesse velho cliché de sempre, estar perto as vezes nao e’ estar dentro. Eu estou tao perto, que ajudo a silenciar, ajudo a acalmar, ajudo a ficar so’.
Estou vazia, estou cheia, estou com muitas pessoas e estou so’. Eu tenho 2 cachorros, como sempre sonhei. Uma casa grande, com quintal, varanda e rede. Esta calor e sinto frio aqui dentro. Sinto o amor quentinho de crianca, e isso me aquece todos os dias. Sinto-me saudosa, mas feliz. Perto de mim, e de ti. Me encontrei aqui, me sinto leve. Nao ha nada que o tempo nao cure, ou eleve.Sobre o tempo, quando ele nao para… corre. Entao, logo estarei de volta, me esperem.

A nao auto-ajuda


Quantas noites voce passou acordada? Quantas passou dormindo? Quantos guarda-chuvas voce ja’ perdeu? Quantas chuvas voce, efetivamente, tomou?
Nao importa o quanto voce ja’ perdeu, o seu saldo positivo vai ser sempre maior. Eu tenho isso aqui comigo.
Hoje, falando com uma amiga, percebi o quanto a vida pode parecer dificil e complicada as vezes. Mas no outro dia, e’ facil olhar pra tras, dar risada e fazer piada. Acontece que hoje, e’ dia de sacrificio. Talvez seja coisa da idade, talvez nao. Mas se pensarmos nisso sobre esse prisma, talvez fique mais facil, ou menos dificil.
A vida e’ simples, os momentos sao simples, nossa mente e’ complicada. Nao adianta, e’ assim pra tudo. Nao estou teorizando, nem fazendo poesia, mas viver e’ lindo, mesmo com todas as dificuldades. Por isso falo do saldo positivo.
Tambem nao e’ auto-ajuda. O meu livro de auto-ajuda sao os problemas que superei, os amigos que estao sempre por perto, o meu pensamendo objetivo que nao se cansa nunca, a minha sobriedade, vezes perdida, mas que sabe sempre vir a mim na hora certa.
Essa e’ apenas a minha maneira de presenciar minha propria vida, e apreciar seu sabor, que e’ tao delicioso de ser dificilmente vivido.
Feche os olhos entao, e ache seu proprio “The Secret”. As vezes ele pode estar dentro de voce, e nao na livraria.

Chicago



A vida nao para. Mesmo, e principalmente, do lado de cima do mapa. Tenho me deparado com coisas maravilhosas pelo caminho.
Chigado e’ lindo. Ponto. Nao sei porque tenho essa fixacao por cidades grandes, mas tenho. Fico anestesiada, tamanha a minha fixacao. A cidade e’ perfeita, encantadora, onirica. De noite, com as luzes todas acesas, me deu vontade de voar.
Nao posso negar que senti saudades da minha Sao Paulo. Da loucura do dia-a-dia de “ecstasy”. Do stress, do calor-com-frio, das garoas e dias cinzas, do ventilador de teto e da necessidade de um ar-condicionado no carro – por causa da violencia, ou do calor mesmo.
Chigago e’ bem parecida com Sao Paulo. Sao grandiosas, sao lindas, sao metropoles. Chicago e’ mais limpa e mais moderna. Mas tem o sonho de ter mar, e como nao tem, Deus emprestou um grande lago. Parece o mar, voce nao ve o fim, mas e’ doce. Os barco-a-velas sao um charme. A agua azul do mar-lago assusta, de tao linda. E’ como um sonho, mas e’ realidade. E a minha realidade, doce como o lago.
Na cidade do vento, senti meu nariz esfriar numa brisa fria, e meu coracao se aquecer numa tarde quente, ao mesmo tempo. Saboriei o som do vento, o azul do ceu refletir no lago, as estruturas, as esculturas. Ganhei 3 bolhas no pe’, mas mesmo assim, nao parei de sorrir e de andar.
Um dia, da janela do hotel, parei para ver o rio. E, depois de alguns minutos percebi mais que isso. Um pouco mais a baixo, ainda atraves do vidro, encherguei uma aranha trabalhando em sua teia, as 9 da manha de um Domingo, sob o som ensudercedor do carro dos bombeiros, enrolando mais uma de suas presas em sua teia, no 28 andar do predio. Tudo de maravilhoso que eu vi, ficou pequeno perto da pequena aranha. Nada foi tao significativo. A pequena aranha, em sua pequena teia, naquele grande predio, na gigantesca cidade. Foi simples, foi lindo. Uma aranha, uma teia, um arranha ceu e Chicago ao fundo.

domingo, 6 de julho de 2008

Morte e vida (linda) severina

A vida e’ um livro. A minha, e’ um livro aberto. Vezes com capitulos felizes, outros nem tanto. Mas ‘e a minha, sabe? E de mais ninguem. Cada um, exclusivamente, tem a sua. E nascemos da incerteza, pra nos tornarmos a certeza de um dia (vide titulo do texto). Entretanto, somos a duvida, porque mal podemos saber quem somos. Me olho no espelho uma vez, e vejo uma de mim. Olhando mais fundo, vejo duas, tres, quatro… Penso, qual delas sera’ eu? Constato: todas. Somos tao incertos como o amanha. No caminho da incerteza das ideias e pensamentos, me deparo com a certeza das palavras. E sabe de uma coisa? Elas me bastam. A vida as vezes e’ uma ficcao, mas so’ pra quem vive de mentira. Eu vivo de verdade. Eu nunca vi sapo virar principe, e ninguem nunca chegou pra mim montado em um cavalo. Por isso digo, vivo cada momento. Nasco e morro a cada dia que nasce. E o sol brilha pra mim, sim. Por causa dele, respiro suave a cada amanhecer. Nao temo o amanha, mas vivo, sem esperar que ele aconteca. E tenho a minha certeza, sim, a que nao e’ talvez, nem nunca sera’, a certeza de mim mesma. E pra mim, isso basta.