terça-feira, 23 de março de 2010

Sometimes a man get depressed


Eu tenho um vizinho. Não o da porta esquerda; o da direita. Nossas portas não são colalas, ainda há um apartamento que nos separa – bem no meio.
Nunca o vi, mas o conheço. E sei dele porque escuto. E não escuto de xereta, é sem querer mesmo: quando estou passando, quando estou indo levar o lixo, ou chegando em casa. Comecei a percebê-lo. Ele gosta de Whitney Houston, Mariah, Sandy & Jr, Lady Gaga, Beyonce. Todo sábado de manhã, com o volume bem alto, ele me acordava - acho que era pra embalar a faxina. Quanta animação! Podia imaginar ele dançando de meia, escorregando no chão da sala. Acho lindo a diversidade (L). Não sei se mora sozinho ou com o namorado, mas não importa. Outro dia estavam brigando, brigando feio. Fiquei triste - por eles, sabe? É chato brigar com o namorado. Ainda mais do jeito que foi. Lá do meu quarto ouvia. Quanta dor! Sei que depois disso, não escutava mais as canções animadas de sábado de manhã, eram só baladas tristes. Mariah dos anos 80 reinava. Diagnosticado tristeza de um amor bandido. Bingo! Mais outras tantas brigas escutei, torcendo pra que enfim se acertassem. Eis que ontem, em plena segunda-feira, ouço vindo de seu rádio as velhas/novas canções. Gaga bombando. Som no talo. Ninguém precisa nos contar que está feliz. Percebi. Tão simples quando você consegue perceber as pessoas. Felicidade que transpassa paredes de concreto. Feliz, eu. Triste, ninguém. Nunca o vi, nem quero. A magia que tenho de imagina-lo é tão grande, que me basta escutar com ele as músicas da Gaga, Beyonçá. Bater cabelo, se jogando, escorregando de meia no chão da sala, fazendo faxina, sendo feliz. Cada um no seu quadrado. ALOCKA! ;)
(foto by Liam4)

7 comentários:

Thaís Mattos disse...

Porque só vc consege escrever acontecimentos rotineiros de uma forma tão linda! Quem nunca "reparou" e imaginou tal situação?!... Quantas vezes imaginamos como deve ser a vida de pessoas tão desconhecidas por nós, mas ao mesmo tempo tão familiares?!... É tão confortável e acolhedor...

Marina Zimmaro disse...

Linda! Tão sensível essa minha menina leoa!!!

Patricia de Carvalho. disse...

- A certeza de que tenho é que você é uma pessoa maravilhosa que escreve textos maravilhosos. A minha imaginação nesta segunda-feira está tão grande que sabendo que seu vizinho esta feliz e que você está feliz, eu também estou. =D

"Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade."

Amo vc Ledinha!!!

Ornelas, Cá disse...

L.endo você, deleito-me.
Sabe o que eu gostei demais? De ler seu lado espiritual. Achei, assim, bonito; singelo seu apreço pelos sussurros divinos.
Quando penso que você não me surpreenderia mais - mentira, course -, vem você com esse ataque espiritual, lindo, aliás.
Li seus posts 'atrasados' - sim, ando meio desatualizada de 'a incidência de ser L.' -, e tá tudo lindo.

Não interessa se é rotineiro e nada tão comum quanto ser nós mesmos. Não interessa. O que importa mesmo é SER. E ter a SUA visão das coisas. É o que faz de mim, de você, singular.
L.inda é você, com seu jeito de enxergar a vida e transmitir seus points of view.
Entendo tu-do quando você diz que se sente meio blasé, sometimes. Tipo: 'meu, é minha vida, é coisa que EU penso, é tão óbvio! Transliterar meus sentidos pra que, pra quem, afinal?'... Blá blá blá, também me sinto assim.
E daíííí?
Escrevemos por que amamos o que é tão nosso, só nosso e de mais ninguém. Um registro eterno, simbólico e tão cheio de entrelinhas. Sou feliz, também, por isso.
E por poder te L.er.

É tão bom!

Beijo grande, L.ousho!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Eita coisa boa...
Mais perto estamos por aqui...dá para saber sobre as poesias da vida!isso é bom!!!
Estou em cartaz...iria ser tão bom te ver na platéia sentadinha....ficaria ansiosa pelo abraço no final....este trabalho é um dos mais importantes até agora.
Va?

Neni Negri disse...

post incrível! blasé-new journalism. que de blasé não tem nada, diga-se de passagem! emoção à flor da pele!